por Alexandre Pitante
Texto: Juízes 6.11-24
Introdução
Gideão
é sem duvida um dos personagens bíblicos mais conhecidos pelos cristãos, porém
existem detalhes de sua vida muito interessantes para observarmos e extrairmos
ricas lições.
Entre
esses detalhes vou destacar nesta matéria o encontro de Gideão com o Anjo do
Senhor, que no desenrolar desta conversa de Gideão com o Anjo, ele (Gideão) diz
três vezes: - “Ai meu Senhor”. Em cada “Ai” se segue uma sequência de frases
que justificam esses ais, nos mostrando uma conversa fascinante entre Gideão e
o Senhor (observe que é uma Teofania).
Gideão
quando inicia a conversa com o Senhor ele começa com uma expressão facial e
termina com outra; começa com uma expressão verbal e termina com outra; começa
um tipo de “Ai” e termina com outro tipo bem diferente do que começou; começa
com uma visão equivocada do Senhor e terminha com outra.
Vejamos
e analisamos os “ais” apresentados por Gideão:
1º Ai – Contestação.
Gideão
esta malhando o trigo no lagar quando
o Anjo do Senhor lhe aparece e diz: - “o
Senhor é contigo, homem valente” (v12). É a partir desta frase que Gideão
diz o 1º ai seguido de suas contestações. Ele contestou três coisas de Deus,
vejamos:
a)
Presença de Deus
Perceba
que o Ai de Gideão é seguido da primeira contestação, ele diz: - “Se o Senhor é conosco porque nos sobreveio
tudo isso” (v13). Ele contesta a presença de Deus, era como se estivesse
dizendo: - se Senhor fosse conosco mesmo nós não estaríamos nesta miséria que
estamos vivendo tendo que usar um lugar impróprio para malhar trigo, pois quem
vai para a eira é morto pelos
midianitas.
Gideão
contesta a presença do Senhor, para ele o Senhor não estava com eles devido às
circunstâncias que estavam se desenrolando sobre a nação, fome, guerra e muita
opressão por parte dos midianitas fez com que Gideão se adaptasse as
circunstâncias e contestasse a presença de Deus entre a nação.
b)
Os feitos de Deus
Na
sua segunda frase ele contesta os feitos de Deus dizendo: - “E que é feito de todas as suas maravilhas
que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito?”
(v13b). Observe que Gideão não faz uma afirmação e sim uma pergunta, na minha
concepção uma pergunta meio que irônica.
Gideão
não tinha nenhuma experiência própria com o Senhor, ele vivia da experiência
dos seus pais e antepassados. Por essa razão ele questionou os feitos de Deus.
Ele não tinha tido nenhum contato especifico com Deus até aquele momento, a
concepção que Gideão tinha do Senhor veio de seus pais.
Quantas
pessoas estão assim na igreja? Que vivem da experiência dos pais, amigos e
irmãos, que não têm um relacionamento intimo e pessoal com Deus. E, como somos
altamente circunstânciais, na primeira prova que este (a) que não tem nenhum relacionamento
pessoal com Deus e que vive da oração alheia, da experiência alheia, passa a
questionar e contestar os feitos de Deus como Gideão. Isso e fruto da falta de
relacionamento com Deus. Chegam a dizer: - o Senhor só faz na vida dos outros,
só abençoa os outros e por aí vai...
c)
A atualidade de Deus
Veja
que depois de contestar a presença e os feitos de Deus ele termina contestando
a atualidade do Senhor, dizendo: - “Porém,
agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas.” Gideão
na sua terceira contestação dá um tempo para sua frase, ele diz: agora, ou
seja, hoje, na minha geração o Senhor nos esqueceu. Era como se ele dissesse
que Deus fez maravilhas no passado, mas na geração dele Deus os abandonou a
sorte, era isso que estava na mente de Gideão, porém nós sabemos que toda
aquela provação provinha da desobediência da nação.
As
reações de Gideão não me espantam, como eu disse, somos muito circunstanciais e
diante de dificuldades se não tivermos uma vida inteiramente aos pés de Jesus
contestamos sua contemporaneidade e, dizemos que Deus só fez no passado e não
pode fazer nada por nós no presente.
Temos
que entender uma coisa: que Gideão estava certo. Deus é um Deus do passado,
mas, sobretudo é um Deus do presente e, além disso, do futuro. O que Gideão não
sabia, é que o nosso Deus é Senhor do presente e também do futuro.
Observação
Gideão contestou a Deus por três vezes, estava totalmente
desanimado diante de tantas intempéries que seu povo vivia, mas mesmo assim o
Senhor o escolheu para livrar a Israel. Eu olho para os versículos doze e
treze, e vejo um homem fraco incapaz para a função. Porém Deus via um homem
forte, capaz de executar a função que o Senhor lhe daria, Deus vê o que o homem
não pode enxergar devido suas limitações.
Gideão se mostrou um homem fraco em todos os sentidos, mas é neste
momento que se cumpre a palavra que esta escrita: - “Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum
vigor.” (Is 40.29)
2º Ai – Incapacidade.
No
versículo quinze Gideão apresenta ao Anjo duas justificativas de incapaz para o
cargo que Deus tinha para ele. “E ele lhe disse: Ai, meu Senhor meu! Com que
livrarei a Israel? Eis que minha família é a mais pobre em Manasses, e eu, o
menor na casa de meu pai.” (v15)
a)
A família dele era pobre
Gosto
muito de uma frase que diz: “quem quer fazer faz, quem não quer dá desculpa”. E
foi o que Gideão fez, apresentou uma desculpa, colocando a responsabilidade em
cima de sua família que era pobre. Como se Deus precisasse que alguém rico para
Ele usar.
b)
Ele era menor na casa do pai
Para
Gideão isso era uma desculpa, porém para o Senhor era um requisito. Deus queria
mesmo que fosse o menor. O Senhor tem prazer em escolher os menores e
incapazes, segundo diz Paulo:
“Mas Deus escolheu as coisas loucas
deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste
mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são.” (1Co 27,28)
Deus
escolheu a Davi sendo o menor (1Sm 16.11-13); prosperou e abençoou a Jacó sendo
este o menor (Gn 25.23); Jacó movido pelo Espírito de Deus abençoou o filho menor
de José, a saber, Efraim (Gn 48.14,15).
Observação
Gideão era muito duvidoso e por isso pediu que o Anjo ficasse onde
estava para que ele pudesse trazer uma oferta a Ele (Senhor). Interessante que
nos versículos três e quatro do mesmo capitulo diz que em todo o Israel não
tinha mantimento devido os ataques dos midianitas, porém Gideão apresenta ao
Anjo um cabrito, bolos asmos, e um efa de farinha; agora me permita
conjecturar, se não tinha mantimento em Israel da onde Gideão tirou essa comida?
Creio que fosse as suas reservas para todo o tempo que durasse aquela guerra
contra os adversários. E sabe a lição que aprendo com Gideão? É que todas as
minhas reservas precisam ser do Senhor.
3º Ai – Constatação.
Se
no primeiro “ai” Gideão contestou três coisas em Deus, agora neste terceiro ai
ele constata que estava totalmente equivocado em suas convicções. Ele diz: - “Ai de mim, Senhor Deus! Pois vi o Anjo do
Senhor face a face” (v22b), e edifica um altar ao Senhor naquele lugar (v24).
O
que acho interessante neste texto é que a medida com que o encontro com o Anjo foi
se desenrolando, ou seja, o relacionamento foi se estreitando, a visão de Gideão
foi mudando principalmente depois da prova cabal quando o Anjo (Senhor) recebe
a oferta apresentada por Gideão e o que ele havia contestado agora estava
constatando:
a)
de que Deus não era um Deus ausente e sim um Deus presente que esta sempre ao nosso lado, mesmo que venhamos a
passar por adversidades lá está Ele nos confortando e ajudando.
b)
de que Deus é um Deus Todo-Poderoso capaz de fazer qualquer maravilha e que seus feitos são inescusáveis, e seu poder é
sobre tudo e todos.
c)
de que Deus é um Deus eterno e de que o tempo não se aplica a esse Deus
maravilhoso, pois ele é o mesmo,
ontem, e hoje, e eternamente (Hb 13.8), pois Ele mesmo disse: Porque eu, o
SENHOR, não mudo (Ml 4.6). Gideão constatou que o Senhor não era um Deus do
passado, pelo contrário, o passado, presente e o futuro pertencem ao Senhor
nosso Deus, o tempo esta sob seu controle. E Ele opera em todos os tempos, pois
esta escrito: “Ainda antes que houvesse
dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu,
quem o impedirá? (Is 43.13)”
Conclusão
Do
primeiro “Ai” para o terceiro a visão e a convicção que Gideão tinha do Senhor
mudou, por quê? Porque Gideão teve um contato com o Senhor e teve a sua primeira
e pessoal experiência com Deus e isso faz toda a diferença. Algumas pessoas
servem ao senhor por ouvir falar como o caso de Gideão que tinha uma visão
apresentada por seus pais e, com isso acabam contestando a Deus em certas
circunstancias de suas vidas, mas na medida em que nossos relacionamentos com o
Senhor se estreita nossas convicções vão mudando e fazemos como Gideão,
queremos oferecer o nosso próprio sacrifício, o nosso próprio altar de
holocausto ao Senhor.
***
Alexandre Pitante
Reflexão inspirada e inspiradora! Que o Senhor continue falando ao teu coração, e, através de ti, aos de muitos, como o fez em relação ao meu!
ResponderExcluirChazák veemáts (Sê forte e corajoso)! Teu trabalho não é vão no Senhor!
Shalom!
Rosh (Líder) Tiago Corrêa
http://espirito-falante.blogspot.com
http://www.moreshetyeshua.org.br
Excelente blog amado irmão. Deus continue abençoando grandemente sua vida e ministério.
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