por João A. de Souza Filho
Como é difícil cultivar a vida interior, tendo que
vencer os desejos de nosso eu e submetê-los aos desejos de Deus. Sentir, como
Paulo o “Cristo em nós” e ao mesmo tempo o latejar da carne e do pecado é
constante desafio a todos os que querem sinceramente servir a Deus.
Gosto muito de ler sobre a vida interior que monges,
pastores e servos de Deus aprenderam a desenvolver ao longo de suas vidas. Sim,
porque a vida interior brota da morte do eu, da morte dos desejos pessoais, da
morte aos anelos e amor pelas coisas da vida terreal. Enquanto anelamos
sucesso, fama e desfrutamos dos bens da terra, não conseguiremos desfrutar da
verdadeira vida interior que Deus tem para nós.
É a velha luta entre o ser e o fazer; entre nossos
anelos e os de Deus. É a luta entre a carne e o Espírito. Deparamo-nos todos os
dias com mensagens de triunfalismo e de prosperidade e pouco ou nada ouvimos
sobre a necessidade de se desenvolver uma vida interior com Deus.
Os líderes em evidência estão sempre nos oferecendo
passos de sucesso, passos de liderança eficaz, passos para a prosperidade,
passos para tudo, e nenhum dos líderes em evidência hoje no Brasil fala de
recolhimento, de afastamento das coisas do mundo, porque eles próprios teriam
que abrir mão de tantas coisas que fazem e com as quais se envolvem diariamente
que os afastam de Deus.
Como pregador do evangelho vejo esta luta
constantemente em meu ser interior. O desejo de me recolher a uma vida íntima
com Deus e ao mesmo tempo o anelo em obedecer as demandas de Cristo que é o
mandamento de ir e de fazer; de evangelizar e fazer discípulos, que sempre
conflita com a necessidade de se viver intimamente com Deus. Além da
inseparável Bíblia, os livros que mantenho em minha biblioteca com as
experiências dos místicos do passado, tanto católicos quanto protestantes e
evangélicos estão sempre me olhando do alto das prateleiras testando ou me
desafiando à vida de santidade interior. De São João da Cruz a Santa Catarina
de Siena; de Evelyn Underhill (protestante) a Tozer (evangélico); de Santa
Tereza a São Basílio e tantos outros.
O livro mais completo sobre mística da igreja é La Evolución Mística
publicação da Biblioteca de Autores Cristãos (BAC) edição em espanhol que
herdei de Márcio Valadão – o Márcio da Igreja da Lagoinha. Nele, Arintero
compilou a essência da mística da vida cristã e ao me deparar com o que devo
fazer sinto-me desafiado pela busca de santidade. Sempre me vejo pesquisando e
relendo o que os santos do passado fizeram para viverem intimamente com o Pai.
O Espírito Santo era tão íntimo daqueles santos do passado, que viviam apenas
para Deus e a leitura sempre me deixa em conflito comigo mesmo. Descubro, no
entanto, que muitos dos homens e mulheres viveram o mesmo conflito que temos em
nossos dias: Uma vida de comunhão com o Pai, de morte do eu, de quebrantamento
que sempre conflita com a missão que temos de cumprir no mundo exterior:
Cumprir a missão de Jesus de fazer discípulos sem abandonar a prática das boas
obras.
Às vezes parece que vivo continuamente na noite
escura da alma tão bem descrita por João da Cruz, sem ouvir sequer um sussurro
de Deus, e outras vezes experimento a alegria e o gozo da Presença de Cristo,
da qual Teresa de Jesus falava, quando a Presença de Cristo inunda o meu homem
interior. E não entendo como Paulo, preso sob grilhões de ferro escrevia aos
irmãos: Alegrem-se sempre no Senhor! Outra vez lhes digo: Alegrem-se!
É um conflito interior do qual não conseguimos nos
desvencilhar, mas, sei que, se perseverarmos na busca da intimidade com Cristo
sempre seremos por ele contemplados!
São João da Cruz, o místico português disse: “Os que
querem ser santos em apenas um dia, prometem muito, mas como lhes falta
humildade e continuam a confiar em si mesmos, quanto mais propósitos fazem,
mais caem, e quanto mais se entristecem, por serem pacientes não conseguem
receber o que Deus reservou para eles... (Em a noite escura da alma 1.5).
Um outro místico declarou: “Os mais santos não são os
que cometem menos faltas, mas os que costumam violentar a si mesmos buscando
ser amorosos e generosos. Os mestres espirituais advertem que Deus deixa, às
vezes, nos maiores santos certas fraquezas ou defeitos e que, por mais que
tentem não conseguem se corrigir, para que sintam na carne suas próprias
fraquezas e para que consigam sentir o que seria a vida deles sem a graça...
dessa forma não se envaidecem com os que favores recebidos... a criança que cai
ao tentar andar sozinha, corre para sua mãe com ternura e aprende a não se
separar dela” (La
Evolución Mística, Padre Arintero, p 418).
Não devemos nos perturbar, nos inquietar nem nos
entristecer em demasia pelas faltas que não podemos evitar – como fazem os
orgulhos que se perturbam e desanimam ao verem suas fraquezas. É preciso
aprender a tirar das fraquezas, forças, para que não haja recaída nas mesmas
faltas.
Exemplo de vida interior sem este conflito entre a
ordem de evangelizar e trabalhar para Deus era Paulo que sabia equilibrar
recolhimento com ação e obras. “Quando sou fraco, então é que sou forte”. Paulo
vivia nas elevadas montanhas repletas da graça de Deus e ao mesmo tempo
experimentava a sequidão do deserto.
Experimente mudar de vida. Experimente parar de fazer
certas coisas que você faz apenas para agradar aos homens e comece a fazer as
coisas que você sabe agradam a Deus. Se sua alma anela aprofundar-se em Deus,
siga em frente, porque sua carne não quererá tal desafio, mas seu espírito
anela o que é eterno.
Até a próxima!
***
Pastor João de Souza Filho no Avivamento pela Palavra
Belo post.
ResponderExcluirEssa luta da carne contra o espírito é constante na vida de nós cristãos.Já li alguns livros sobre homens que separaram suas vidas para Deus,e a cada página que eu lia me sentia inútil por me parecer incapaz conseguir o feito que esses homens conseguiam.Mas basta pedir graça a Jesus para viver um vida de santidade.
Olá meus irmãos em Cristo, A Paz de Cristo.
ResponderExcluirParabéns pelo blog muito bom. Deus te abençoe ricamente. Estou te seguindo.
Se desejares conhecer o nosso blog será um prazer tê-lo como visitante e mais ainda se nos seguir-nos. Aprendendo uns com os outros crescemos em graça e conhecimento.
Josiel Dias
Mensagem Edificante para Alma
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Rio de Janeiro