Nota do Tradutor
Talvez,
depois da Bíblia, o relato da vida de João Nelson Hyde tenha sido a história
que mais inspirou os cristãos dos nossos tempos.
Este
livro trata da vida de João Hyde, que partiu dos Estados Unidos em 1892 para
ser missionário na Índia, país de língua difícil e árduo campo de
evangelização. Morou numa vila de Punjab, em uma choça de taipa. Em sete anos,
contou-se somente nas cem vilas circunvizinhas 1.200 pessoas que foram salvas!
Hyde
também trabalhava nos grandes centros urbanos da Índia, onde "multidões
foram constrangidas a cair de joelhos pelas orações que pronunciou quando cheio
do Espírito Santo".
Hyde
não pregou muito sobre sua experiência de santificação, mas tinha uma vida
santa. Sua vida era um sermão. Não falou muito sobre oração, mas uma coisa ele
fazia: ele orava.
Preparação
Cristo no lar
Em
Lucas 19:5, Jesus diz: "Hoje me
convém pousar em tua casa". Que dia abençoado no lar de Zaqueu! Mas no
lar dos Hyde, Jesus era hóspede permanente!
O
senhor Smith Harris Hyde, pastor da Igreja Presbiteriana em Carthage, Illinóis,
era um homem de alma robusta e alegre, de estudos esmerados, de ânimo
transbordante e, sobretudo, de propósito fixo em servir a Deus de todo o
coração. Sua esposa era apaixonada pela música, e neste lar carinhoso e feliz,
achavam-se seis filhos.
O
Dr. Hyde costumava orar - tando de púlpito como nos cultos domésticos - pedindo
ao Senhor da seara que mandasse ceifeiros para a sua seara. Não admira,
portanto que Deus tivesse chamado três de seus seis filhos!
Alguns
dizem que a sua denominação carece de pastores... Um dia ouvi um ministro dizer
que seu filho nunca seguirá seu exemplo porque sabe o que é sofrer nas mãos do
povo... Mas o Dr. Hyde dignificava seu ofício, e regozijava-se em entregar seus
filhos para uma vida de lutas e provações.
Fico
pensando: por que milhões de perdidos em outras terras morrem sem a salvação?
Por que talvez somente seus bisnetos tenham a oportunidade de ouvirem a voz de
algum homem a proclamar a boa-nova eterna do Filho de Deus? Por que estes povos
esperam tanto tempo?
Por
que leio no jornal, de punho do ex-missionário W. B. Anderson, que na Índia
existem cem milhões de pessoas que jamais ouviram falar de Jesus Cristo, e que,
nas atuais circunstâncias, morrerão sem O conhecer? E por que há outros tantos
milhões assim perecendo na África e em outros países, simplesmente por ignorância
acerca de Cristo? Qual é a razão?
São
os quartos de oração vazios. São os cultos domésticos abandonados. São as
orações sem vida e cheias de formalismo proferidas nas igrejas.
Quero
que saibam que as escolas bíblicas e os seminários nunca produzirão os obreiros
de que o mundo carece. Minha mãe orava, quando ainda jovem, pedindo para que as
portas dos países pagãos se abrissem. Depois, já com dez filhos, orava pedindo
que obreiros entrassem por essas portas, e Deus enviou um de seus filhos à
Índia e duas filhas à China!
Na
Bíblia lemos que a avó Lóide e a mãe Eunice oravam! Quando Paulo - o Apóstolo
dos Gentios - começava suas viagens missionárias, podia contar com Timóteo, o
fruto daquelas orações!
João
Hyde foi uma resposta à oração, e, anos mais tarde, quando orava no idioma da
Índia, Deus levantou dezenas de obreiros nacionais em resposta às suas orações!
O Grande Cabeça da Igreja tem um meio para levantar obreiros: "vejam as terras... elas estão brancas
para a ceifa... os trabalhadores são poucos... ROGUEM!"
Dá-me almas ou
morrerei!
No
tabernáculo judaico havia um compartimento tão sagrado que somente o
sumo-sacerdote poderia entrar uma vez por ano. Podíamos ver diariamente em cena
este quadro na vida de Hyde, quando ele encontrava-se com Deus. São cenas
demasiadamente sagradas para olhos comuns, e hesito em relatá-las aqui.
Mas
ao lembrar-me de Jacó no vale de Jaboque, de Elias no Carmelo, de Paulo em
agonia espiritual por Israel e, especialmente, do querido Mestre em agonia no
Getsêmane, então sinto que estou sendo impelido pelo Espírito de Deus a relatar
tais experiências, para admoestação e inspiração.
Colocando-nos
ao lado do quarto de Hyde, podemos ouvir suspiros, sentir gemidos e contemplar
o querido rosto banhado, repetidamente, de lágrimas. Podemos fitar o corpo
enfraquecido após dias sem comer e noites sem dormir. Ali podemos ouvir, entre
soluços, o insistente clamor: "Ó
Deus, dá-me almas ou morrerei!"
Hyde
foi levado a trabalhar na Índia impressionado pela morte de seu irmão mais
velho, que preparava-se para ser missionário no exterior. Decidiu-se ir somente
um ano depois, quando, ao término do seminário, pediu a um colega seu que lhe
apresentasse todos os argumentos que pudesse sobre o trabalho missionário no
estrangeiro. Seu colega retrucou que ele não precisava de argumentos, mas de
prostrar-se de joelhos diante de Deus e assim permanecer até resolver em
absoluto a questão. Na manhã seguinte, o brilho no seu rosto refletia a decisão
que tomara!
Embarcou
no outono de 1892 rumo à Índia. Os dias seguidos de somente água o levaram a um
exame próprio e à oração. No início da viagem, ele recebeu uma carta de um
amigo de seu pai, que muito desejava ser missionário mas que era
impossibilitado de fazê-lo. Ela instava em que Hyde buscasse o batismo com o
Espírito Santo como habilitação essencial na obra missionária.
Isto
aborreceu Hyde, pois insinuava que ele ainda não havia recebido o Espírito
Santo. Irritado, amassou a carta e jogou-a no convés, mas, mais tarde, com mais
juízo, apanhou-a e releu, reconhecendo então que carecia de algo que ainda não
havia recebido.
Assim,
entregou-se por toda a viagem à oração, para que fosse, de fato, cheio do
Espírito Santo e soubesse, por uma experiência autêntica, o que Jesus queria
dar a entender quando disse: "Recebereis
poder, ao descer sobe vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra"
(Atos 1:8).
E,
a essas orações a bordo, veio maravilhosa resposta.
Os primeiros anos
na Índia
A
princípio Hyde não era um missionário conceituado. Era pesado de língua e não
ouvia bem. Quando acontecia de ouvir e também entender a pergunta formulada a
ele, demorava em formular a resposta. Os amigos receavam de que não aprendesse
a língua nativa.
Era,
por natureza, calmo e quieto, e parecia faltar-lhe o fundamental em um
missionário: entusiamo e iniciativa. Mas os seus olhos azuis pareciam penetrar
as profundezas do íntimo das pessoas. Pareciam brilhar da alma de um profeta!
Chegando
na Índia, descuidou-se um pouco no estudo da língua, a ponto de ser reprovado
num exame lingüístico. Ele dizia: "o
que é de primeira importância deve ocupar o primeiro lugar". Explicava
que tinha ido à Índia para ensinar a Bíblia, e, para tanto, era necessário conhecê-la.
E o Espírito Santo abriu-lhe o entendimento de modo maravilhoso!
Mas
não desprezou o estudo, chegando a falar muito bem o urdu e o punjabi.
Sobretudo, aprendeu a falar a língua dos céus, deixando auditórios de centenas
de indianos boquiabertos perante as verdades da Palavra de Deus.
Em
todo avivamento sempre há duas partes: a divina e a humana. Em alguns, como no
de Gales, a parte divina foi mais acentuada, e praticamente não havia
organização e pregação. Mas o avivamento de Sialkot, apesar de também vir do
alto, não parecia tão espontâneo: havia - sob a direção de Deus - organização,
e planos eram realizados, além de longos períodos de oração.
Antes
de continuar a mostrar a importância da parte humana, quero descrever os
princípios da Associação de Oração de Punjab. Eles foram criados mais ou menos
no tempo da primeira convenção em Sialkot (1904), e foram redigidos em forma de
perguntas, que eram assinaladas pelos que desejassem tornar-se seus membros:
1.
Estás orando, pedindo um avivamento para a tua vida, para a vida dos teus
companheiros de trabalho e para a Igreja?
2.
Estás anelando mais poder do Espírito Santo na tua própria vida e serviço, e
estás convicto de que não podes avançar sem esse poder?
3.
Orarás pedindo graça para não te envergonhares de Jesus?
4.
Crês que a oração é um grande meio de alcançar um despertamento espiritual?
5.
Reservarás trinta minutos diariamente, logo após o meio-dia, para orar pedindo
esse despertamento, e estás pronto a orar até que venha o despertamento?
Os
membros da associação erguiam os olhos da fé - conforme a ordem de Cristo - e
contemplavam os campos brancos para a ceifa. No Livro liam as imutáveis
promessas de Deus. Percebiam que o único método de adquirir tal despertamento
era por meio de oração. Então mantinham em seus corações deliberada, definitiva
e determinantemente o propósito de usar a oração até alcançarem o resultado.
O
avivamento de Sialkot não foi por acaso, nem um sopro que veio do Céu, sem
ninguém o buscar. Carlos Finney disse que um
avivamento não é maior milagre do que uma colheita de trigo. Em qualquer
lugar pode-se obtê-lo quando almas valentes entrarem na luta determinadas a
vencer ou morrer - ou, se for necessário, vencer e morrer. "O reino dos céus é tomado à força e os que se esforçam são os que
o conquistam" (Mt.11:12).
***
Este texto é um resumo do primeiro capítulo
do livreto "O Homem que Orava" (Praying Hyde), de Francisco A.
McGraw, editora CPAD
Era disso que eu realmente precisava entender o real poder do espirito e da oração!!
ResponderExcluirParabéns pela postagem , que Deus continue te abençoando mais e mais!