por Cláudio Rogério
Para fundamentar nosso entendimento sobre a caminhada histórica da apologética cristã, citaremos o texto de 1 Pedro 3.15-16 onde lemos: "...estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós. Tende uma boa consciência, para que, naquilo que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo". A partir deste versículo, podemos deduzir que o papel da apologética é procurar servir a Deus e a igreja, ajudando os crentes a cumprirem o mandamento exigido nesta passagem, que pede a todos que saibam como "responder" quais são as razões da sua fé. É bom observar que a palavra responder, usada por Pedro no versículo 15, é uma tradução da palavra grega "apologian" — apologia. Desta forma, em uma visão inicial, a apologética deve ser uma obrigação e prática de todos os cristãos.
Desde
o seu nascimento, o cristianismo sempre teve um caráter apologético. A primeira
mensagem pregada por Pedro, em Atos 2, foi resposta a questionamentos feitos
quanto ao comportamento dos discípulos. Muitos dos livros e epístolas da Bíblia
foram escritos também com a finalidade de defenderem a fé e de consertar os
desvios.
A
partir do século 2, no período que chamamos de a "Época dos Pais da
Igreja", diante da perseguição e do martírio, houve a necessidade de se
escrever defesas para a fé cristã, a fim de dissipar falsas acusações que
circulavam, tanto entre o povo comum como entre as autoridades, bem como
rebater os ataques do judaísmo, do helenismo e das heresias. Historicamente
denominamos estes primeiros defensores da fé de apologistas, pois procuramos
lançar mão da filosofia e da argumentação racional para demonstrar a inocência
dos cristãos, bem como conseguir o favor das autoridades públicas e acima de
tudo provar o valor da religião cristã. Possivelmente, a mais antiga das
apologias que se tem conhecimento é o "Discurso a Diagneto", cujo
autor, talvez Quadratus, a escreveu para defender o cristianismo dos abusos do
estado romano e na esperança de se obter melhor tratamento para os cristãos.
Contudo, o mais conhecido dos apologistas é certamente Justino Mártir, que endereça
sua apologia a Adriano e a Marco Aurélio. Arrazoava de que a filosofia grega,
apesar de útil, era incompleta, sendo terminada, aperfeiçoada e suplantada em
Cristo e pela Bíblia. A filosofia grega teve simplesmente o mesmo papel da lei
judaica, ser a precursora de algo superior.
Sua
principais obras foram duas "apologias", contra os pagãos, e um
"diálogo com o judeu Trifão", contra os judeus. Deste período ainda
poderíamos citar Aristides, Aristo, Atenágoras, Taciano, Tertuliano, Orígenes,
Lactancio e Agostinho.
Contemporâneo a esta época dos apologistas, houve também o período dos controversistas, que eram aqueles que travaram as polêmicas contra os judeus e o paganismo, para defender o dogma cristão contra as heresias. Enquanto a apologia era a defesa contra os ataques externos à fé cristã, a polêmica era uma defesa em prol da pureza da fé contra os desvios que estavam acontecendo dentro da própria igreja.
A
partir deste momento da história, estabelece-se este duplo entendimento em como
defender a fé: de um lado temos a apologética, que é a defesa racional e
utiliza-se da argumentação filosófica e especulativa da mente humana. Do outro
lado temos a Evidência Cristã, cuja defesa e raciocínio fundamenta-se nas
Escrituras, nas provas internas da Bíblia. O primeiro é direcionado aqueles que
não aceitam a revelação de Deus ao homem, que não crêem. O outro é voltado aos
que aceitam a revelação, mas fazem uma interpretação errada da mesma, caindo em
heresias.
Daremos
em nossos artigos uma interpretação ampla da palavra apologética, que será
emprega sempre para significar defesa da fé cristã, tanto contra aqueles que
nos atacam externamente e exigem um discurso racional, como diante dos desvios
observados dentro da própria comunidade que se denomina cristã, mas que possui
práticas heréticas.
Após
estas considerações conceituais sobre o entendimento histórico do que foi e do
que é a apologética, gostaria de estabelecer abaixo três distinções sobre qual
é o seu papel e o seu valor para o cristianismo que professamos hoje:
Primeiramente,
a apologética traz consigo o sentido de "prova". E como tal é a
apresentação de uma base racional para a fé com a finalidade de provar que o
cristianismo é verdadeiro. Jesus e os apóstolos freqüentemente ofereciam
evidências aqueles que tinham dificuldades de crer que o Evangelho era a
verdade. (Veja João 14.11; 20.24-31 e 1 Coríntios 15.1-11). Até mesmo os
crentes que são fiéis duvidam algumas vezes, e neste momento a apologética se
torna muito útil para eles, pois justifica em suas próprias mentes e corações
as razões da sua fé.
Em
segundo lugar, a apologética é uma "defesa", que tem como objetivo
responder as objeções dos não crentes. Paulo descreve sua missão como
"defesa e confirmação do Evangelho" (Efésios 1.7). Confirmação pode
se referir ao tópico primeiro, abordado acima, mas defesa é especificamente
voltado para responder os questionamentos e ataques daqueles que não conhecem o
Senhor. Faça um estudo dos escritos de Paulo e chegarás à conclusão de que
muito do que ele escreveu tem uma tônica apologética. As própria mensagens
pregadas por Jesus foram, em um certo sentido, uma resposta aos críticos e
contras do seu ministério.
Em
terceiro, a apologética é um "ataque". Devemos entender que a nossa
missão não é só de defesa, de responder às objeções, mas de marchar contra os
portões do inferno, pois eles não resistirão ao nosso ataque. Paulo nos diz que
através das poderosas armas que possuímos é possível destruir o conselhos e
toda a argumentação que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levarmos
cativo todo o pensamento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10.5).
Concluímos
afirmando que todo cristão tem um compromisso com a defesa e divulgação da
Verdade. Nós temos o que dizer para esta geração perdida e confusa, pois temos
Jesus, a resposta de Deus, dentro do nosso coração. Neste sentido, gostaríamos
de conscientizá-lo de que você, como servo do Senhor, é um apologista; e como
tal Deus lhe pede que te prepares adequadamente, orando e estudando, para uma
missão específica.
Graça e paz,
ResponderExcluirja estamos te seguido, parabens pelo blog
Abraços
Muito Obrigado pela visita meu Irmão.
ResponderExcluirJá estou lhe seguindo!
Que Deus possa lhe Abençoar!
Paz.
Os primeiros cristãos seguiam de uma forma muito literal os ensinos de Jesus. As seguintes são passagens dele e outros escritores na igreja primitiva sobre mais do 100 temas diferentes. http://www.aigrejaprimitiva.com/dicionario/dicionario.html
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