25 de abril de 2010

O Caminho do Avivamento

por Allan H. Mcleod

Era uma noite fria de inverno no norte do Paraná. Sentados à beira da lareira, eu e minha esposa deliciávamo-nos com o calor da fogueira. O ambiente estava aconchegante, e a magia das labaredas nos encantava tanto, que fiquei com preguiça de me levantar e colocar mais lenha no fogo. As chamas foram se apagando lentamente, até não haver mais jeito. Tive de buscar uns gravetos e soprar as brasas, até as labaredas aparecerem novamente.


Numa situação totalmente diferente, assisti certa vez, na televisão, um médico tentando desesperada-mente ressuscitar uma criança, usando o método de respiração artificial boca-a-boca. Os pais, apavorados, rezavam pelo sucesso dele. Após alguns longos minutos de insistente esforço, o menino voltou a si e começou a respirar sozinho. Num outro caso, a equipe médica tentou em vão salvar a vida de um moribundo, vencido pelo agravamento de sua enfermidade.


Há uma semelhança entre as três situações. A necessidade urgente de uma intervenção em cada caso foi em razão de um declínio de vida da fogueira, do menino e do homem moribundo. Não há nenhuma necessidade de ressuscitar o que está gozando de vida plena.


Na esfera espiritual, o mesmo princípio se aplica. Deus reaviva o que está prestes a morrer. Creio que não experimentamos o avivamento como igreja porque não queremos admitir nosso estado de moribundos espirituais. A Bíblia diz que Deus vivifica o espírito dos abatidos e o coração dos contritos (Is 57.15). Muitos crentes buscam a Deus apenas para que ele lhes proporcione experiências emocionantes ou lhes conceda algum dom que os leve a se sentirem mais espirituais, e chamam isso de avivamento. Tal experiência poderá ser conseqüência do avivamento, mas não é avivamento! O avivamento é uma Pessoa: Jesus Cristo. Ele é a plenitude de Deus, invadindo nosso ser e nos transformando em pessoas santas, como ele é santo.


Enquanto não sentirmos o peso de nossa pecaminosidade diante da revelação da glória de um Deus Santíssimo e clamarmos como Isaías: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros...” (6.5), ou como Paulo: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24), não experimentaremos o verdadeiro avivamento.


Hoje, vemos muito “movimento” em nossas igrejas que está sendo chamado de avivamento.


Entretanto um genuíno mover de Deus nos moldes do avivamento de Gales ou dos tempos de Charles Finney ainda está por vir. O que estamos vivenciando no presente pode ser uma preparação para o avivamento de que tanto precisamos e que buscamos. Contudo não devemos confundir nossa “mexida” nas brasas com o sopro do Espírito de Deus.


Mesmo o vaidoso rei de Israel, Jorão, filho de Acabe, reconheceu que não tinha o poder de resolver o problema de um necessitado. Quando recebeu a carta do rei da Síria pedindo que curasse a lepra de seu servo Naamã, rasgou as vestes e disse: “Acaso, sou Deus com poder de tirar a vida ou dá-la?” (2 Rs 5.7.) Que presunção então é a nossa de ficarmos soprando nos servos de Deus, afirmando que nunca mais serão os mesmos? Certa vez, Jesus, ensinando na sinagoga de Cafarnaum, afirmou uma verdade para seus discípulos que a igreja do século XXI precisa ouvir e entender: “O Espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita”(Jo 6.63).


Está na hora de dobrarmos a cerviz da nossa prepotente carnalidade diante do Deus vivificador e clamar por misericórdia, como fez o profeta. Mas ele só exprimiu o “Ai de mim” depois de ser violentamente abalado pela santidade divina que sua alma presenciou naquele momento de agonia e terror. Será que estamos dispostos a isso? Sim? Então, em vez de clamarmos por um avivamento a nosso modo, vamos pedir uma revelação da santidade de Deus, e o resultado será a purificação de nossa alma. Isso é avivamento. Em seguida, ouviremos a voz de Deus nos dizendo o que devemos fazer, e o faremos na unção e direção do Espírito, em vez de estarmos inventando atividades e pedindo a Deus que as abençoe. Só assim o mundo será sacudido pelo poder que Deus deseja manifestar através da igreja.


Poder é o que não falta. Para mim, esta palavra avivamento sempre projeta imagens da Hidrelétrica Itaipu em Foz do Iguaçu, uma das construções mais imponentes do mundo. A imensidão do reservatório me lembra a plenitude de Deus em Cristo Jesus. As águas plácidas, enverdecendo tudo ao redor, são como a vida de Deus que nos faz florescer, nos tornando santos, justos, amorosos e bondosos. As 18 turbinas gerando 12.600.000 kW de energia representam o fluir dos rios de água viva através de nossa vida. É um quadro quase perfeito do avivamento, a plenitude da vida de Cristo se manifestando na vida do cristão.


Mas, para que o Brasil e o Paraguai sejam beneficiados por essa abundância de energia, é preciso abrir as comportas que regulam a entrada de água nos condutos forçados de 10,50 m de diâmetro. Da mesma forma, não adianta nada o reservatório do amor de Deus em nosso interior se as comportas estiverem fechadas ou entupidas. O apóstolo Paulo, em 1 Timóteo 1.5, fala das três comportas que regulam o fluir do amor de Deus do nosso coração: “Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia”. Pureza, retidão e integridade. Dessas comportas depende todo o fluxo de energia divina através de nossa vida. Se elas estiverem obstruídas com o entulho de impurezas, mágoas, ciúmes, ou qualquer outro pecado, ficaremos tão estéreis quanto o profeta Isaías.


Portanto, se quisermos um avivamento, é imprescindível que nos humilhemos, oremos, busquemos a Deus e nos convertamos dos nossos maus caminhos. Só assim o Senhor ouvirá dos céus, perdoará os nossos pecados e sarará a nossa terra.


O Pr. Allan H. McLeod


é professor e capelão do Seminário e Instituto Bíblico Betânia, em Altônia, PR.


(Percebam que durante algumas matérias anteriores venho escrevendo e postando sobre o "Avivamento", pois creio que precisamos de mais avivamento, mas, também creio, e isso piamente, que avivamento passa por uma transformação de vida e a partir disso teremos fruto de uma vida intensa de relacionamento com Deus). Palavras de Alexandre Pitante.

Um comentário:

  1. A paz de Cristo irmão!!
    Agradeço pelo irmão ter se tornado um de nossos seguidores;gostei muito do seu blog palavras lindas realmente vindas de Deus.Se possível o irmão poder me mandar algumas das mensagens do senhor para poder divulgar no blog ficaria grata.
    Caso o irmão tenha orkut podrias acessar o orkut do blog adoradores17@hotmail.com
    Que Deus continue abençoando o irmão e toda sua família.
    Abraço;Ariana Almeida

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